Entrevista a Leonardo Jardim

«Orgulho-me de ter subido todos os degraus até chegar à Liga»

- O que o levou a traçar a meta dos 40 anos para chegar à primeira divisão ou então desistir desse sonho?

- Sou ambicioso, mas não gosto de me arrastar em situações onde sinta que não me dão hipótese de evoluir. Sempre acreditei no meu trabalho, sempre quis ser treinador. Mas depois dos 40 era difícil, a seguir, chegar a um grande. E deixaria de fazer sentido obrigar a família a sacrifícios.

- Quer dizer que a próxima etapa é treinar um dos grandes?

- Sempre tracei a minha vida por etapas. A próxima é treinar um clube que me dê o prazer de lutar por títulos.

- Se não tivesse conseguido chegar à Liga aos 40 anos, o que iria fazer da sua vida?

- Talvez continuar ligado ao futebol, na formação, e exercer a minha profissão de professor de educação física.

- Deixou a Madeira em 2008 para ir para Chaves e a família teve de ficar. Foi complicado?

- Foi. A minha mulher é psicóloga e trabalha na escola, o rapaz está em idade escolar, não os podia tirar da Madeira sem saber o que isto iria dar. Quando disse à minha mulher que ia para Chaves ela olhou para mim e perguntou-me: 'Mesmo que diga que sou contra tu vais na mesma, certo?'

- Ser treinador sempre foi o seu projecto de vida?

- Quando era miúdo os meus amigos queriam ser jogadores de futebol. Se me perguntavam o que queria ser quando fosse grande, respondia treinador de futebol. Fascinava-me mais a parte da organização, da estratégia, da preparação dos jogos, do treino, da liderança. Hoje, os miúdos têm as playstations e jogos de computador em que são treinadores. No meu tempo havia... lápis e papel, onde apontava tudo, analisava os jogos. Perante isto, que mais podia fazer na vida?

In abola (excerto)