Desilusão…

O final desta semana foi agitado para o nosso Beira-Mar, dentro e fora do relvado. Dentro - entrámos com o pé esquerdo na Liga Vitalis; Fora - parece que entrámos num filme que julgávamos ter sido eliminado a 17/06/2008, data de tomada de posse da Comissão Administrativa.

Como sabem este blog dedica-se, em grande parte, ao acompanhamento da equipa de futebol profissional, por várias razões, uma delas talvez devido ao facto de no “sub-mundo” do futebol não existir nada mais puro do que… a bolinha a bater na rede (e de preferência pelo lado de dentro)

Isso não impediu o maisbeira-mar, desde o início da sua existência, sem nunca entrar em reflexões profundas, ter assumido claramente:

- A sua discordância quanto à direcção presidida por Artur Filipe, por vários motivos;

- Apoiar o regresso de Mano Nunes;

- Acreditar na capacidade, dedicação e rectidão dos elementos que compõem a actual Comissão Administrativa e restante equipa de “trabalho”;

- Já em tempos mais recentes: apoiar a realização de eleições no clube – desde que resolvidos alguns problemas essenciais.

É evidente que um destes problemas era o protocolo com a autarquia a que está umbilicalmente ligada a venda do terreno das piscinas, que encerraram a 1 de Agosto de 2009. E logo na 1ª semana deste mês ficámos a saber da realização do negócio, através da notícia avançada pelo jornal "ojogo" e posteriormente confirmada pelo Eng.º Mano Nunes, no Diário de Aveiro.

Perante isto, manifestámos a nossa estranheza pelos termos e valores do negócio que ficaram muito aquém das expectativas. Só que as coisas não ficaram por aqui.

Em vésperas de eleições, tanto no clube, como na autarquia… começaram a ser revelados os contornos do negócio e a subsequente retirada de dividendos políticos da situação por parte dos partidos da oposição ao actual executivo: Um vereador da oposição, em reunião de câmara, lançou perguntas pertinentes ao executivo camarário, um partido da oposição, no seu jeito habitual, começou a disparar no sentido errado… até que na Quinta-feira o blogue margem esquerda, mesmo de férias, começa a contar a “história” da venda do terreno das piscinas.

De início… não acreditámos… ou melhor nem queríamos acreditar no que ali era referido. Para nosso descanso, na Sexta-feira, parte dos factos aí relatados foram desmentidos por um elemento da CA, Eng. Emídio Martins - radio terra nova.

Só que depois da leitura do post de Sábado do mesmo blogue, na sequência de “um longo telefonema” do Eng. Mano Nunes nas palavras do autor do texto e do blogue, torna-se muito difícil não acreditar em, pelo menos, grande parte do mencionado nos dois posts de Quinta e Sábado.

Com efeito, trata-se de uma história pouco dignificante para todos, em que nenhuma das partes envolvidas fica bem na fotografia.

Mesmo lamentando que o Beira-Mar seja utilizado como arma de arremesso por parte daqueles que o ignoram e não lhe reconhecem a importância devida (forças partidárias desta cidade), separando claramente os vários domínios do caso e deixando para os outros as questões politico-partidárias que o mesmo encerra, não podemos deixar de comentar e valorar o que daqui resulta para o nosso clube:

Toda esta história não é compatível com o carácter das pessoas que compõem a Comissão Administrativa, nem com os princípios e propósitos que nortearam sua gestão.

E é pena que esta, nos últimos dias da sua existência, depois de muito suor de muita gente… veja o seu trabalho, esforço e dedicação ficar no mínimo… "manchado", no máximo…"ferido de morte", por um caso/história que “cheira mal”.

Relembramos algumas das metas da CA, aquando da tomada de posse, em 17 de Junho de 2008: No imediato: Inscrever a equipa de futebol profissional. Depois: devolver o clube aos sócios, aproximar o clube da cidade, recuperar a credibilidade, o bom nome do Sport Clube Beira-Mar e garantir eleições, após a regularização das questões EMA»Autarquia.

A equipa foi inscrita nos campeonatos profissionais, muitas dívidas foram liquidadas graças ao denominado “mecenato” (que concordamos que tem deixar de existir… mas é bom que se diga que em bom rigor não o é…)

A aproximação do clube aos sócios foi prosseguida, bem, através de medidas médio/longo prazo, tais como as apostas na vertente social e de formação do clube (a devolução aos sócios do clube também depende muito destes aspectos).

É importante referir, igualmente, o número muito razoável de colaboradores que ajudaram o clube cada um na sua área, da melhor forma que puderam…

Até aqui tudo bem… a CA andou bem…

Só que… A recuperação da credibilidade que tinha vindo a ser feita desde 17 de Junho de 2008… caiu como um "castelo de cartas" com esta história.

Da nossa parte, cumpre manifestar que não nos revemos nestes actos e procedimentos. E se antes criticámos os ex-dirigentes por falta de visão, estratégia e lisura de processos não podemos agora… assobiar para o alto, fingir que nada aconteceu.

É uma desilusão.

Se o Beira-Mar quer ser tratado pelas “forças vivas da cidade” como uma Instituição que tem mais de 80 anos de história, como pessoa colectiva com estatuto de utilidade pública, se quer ser um clube formador, de valores, de veículo de integração dos cidadãos na sociedade, se quer aproximar-se da cidade e dos seus sócios, se quer ser um parceiro credível nas diferentes negociações que tem pela frente, por forma a garantir a sua existência… não pode seguir por este caminho, não pode tomar estas atitudes.

A sua prática tem de ser compatível com o seu discurso! Só assim se ganha credibilidade.

Por muitas razões de queixa que tenha o Beira-Mar de todo este processo, que desde início (já há muitos anos) começou torto, nada justifica o que se terá passado nos últimos dias.

Os fins não justificam os meios, sob pena de nada nos distinguir daqueles que tanto criticamos.

Ainda bem que temos eleições marcadas já para Setembro. Esperemos que apareçam pessoas credíveis e de preferência mais do que uma lista.

É tempo de discutir o Beira-Mar "a sério". A questão do protocolo continua por resolver.

Continua a ser necessário salvar o Beira-Mar!