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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Entrevista com Francisco Dias

Como começou a tua relação com o SC Beira-Mar?
Começou quando nasci, porque o meu pai fez-me logo sócio. Depois, claro, nos saudosos Domingos à tarde a ir a pé até ao Mário Duarte ver o futebol. Eram grandes tempos. Mais tarde, com 10 ou 11 anos entrei para o minibasquete. O Ariston, um dos melhores jogadores que passou pelo Beira-Mar foi o meu primeiro treinador. A partir daí percorri todos os escalões de formação. O programa de Domingo passou a ter futebol no Mário Duarte e depois basquetebol no Alboi.
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Como está estruturada a secção de Basket?
A secção tem actualmente 4 pessoas responsáveis por diversas áreas. O Hugo Reis na coordenação geral, o Sr. Domingos na logística, o Jorge Murilhas no sector da saúde e eu na parte financeira. Depois temos a parte desportiva, com o Rui Pedro na coordenação do minibasquete, e os restantes treinadores responsáveis pelos respectivos escalões.
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A equipa sénior de Basket vai numa série de derrotas consecutivas. A que se deve este mau momento?
Acredito que se deve a uma série de factores. Em primeiro lugar temos que valorizar as vitórias dos adversários, que apareceram bastante mais fortes nesta segunda fase, como por exemplo o Infante de Montemor com alguns jogadores do Ginásio Figueirense da Liga. Depois há explicações internas. A equipa sente naturalmente a falta do Rui Pedro que se lesionou no jogo contra o Atómicos. Nos últimos jogos não temos podido contar com o Nuno Alves e com o João Silva, que são preponderantes no jogo interior. Perdemos o Mauro logo no início da época. São muitas condicionantes que temos que tentar ultrapassar..
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Como é que a equipa tem reagido às críticas?
Bem, depende do que se entende por críticas. Nós somos os principais críticos do nosso trabalho, e sabemos muitas vezes onde falhamos. Se não fazemos mais é por manifesta falta de recursos. É lógico que a partir do momento que vestimos a camisola do Beira-Mar estamos mais expostos à opinião, e entendo que a mesma é legítima venha de onde vier. De minha parte valorizo toda a crítica que sei de onde vem, e que é feita de um modo construtivo. Tudo o resto passa-me ao lado.
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Quais os objectivos da equipa para esta temporada? Achas que são alcançáveis?
Sendo esta a nossa primeira época no CNB1, o primeiro objectivo era fazer uma época calma, salvaguardando a manutenção e lutando pelo melhor lugar possível no playoff. O primeiro objectivo está conseguido, o segundo estamos na luta. Acredito que vamos conseguir ficar com um dos lugares de acesso ao playoff e, a partir daí, tudo pode acontecer.
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Como caracterizas a recente crise do SCBM? Quais os factores, em tua opinião, que estiveram na origem da mesma?
Bem, essa é uma pergunta complexa. Acredito, em primeiro lugar, que há uma total ausência da visão daquilo que se pretende que seja o Beira-Mar. A partir de determinada altura deram umas "palas" aos sócios e disseram a palavra futebol. E esqueceram-se que o Beira-Mar é muito mais do que isso. O Beira-Mar tem um papel a desempenhar na região de Aveiro, e está aí a base de sustentação de um clube. Que ninguém tenha dúvidas disto. Os clubes valem pela sua massa associativa, e não pela bola que entra ou que vai ao poste. Isto, claro sem querer tirar o protagonismo que o futebol profissional merece, não só pela sua envolvente financeira, como também pela projecção que dá à marca Beira-Mar.
Depois temos a história até 2003 e a partir de 2003. A saída do Mário Duarte e a respectiva deslocalização para o EMA foi absolutamente ruinosa do meu ponto de vista. Desportivamente perdemos o "factor casa", afastámo-nos da cidade, tudo graças a um protocolo que não foi cumprido pela autarquia com as devidas consequências do ponto de vista financeiro. A partir daí a história é conhecida. Sou muito crítico em relação a toda a gestão que foi feita no passado mas a autarquia de Aveiro tem muitas responsabilidades no estado a que chegou o clube.
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Separar as modalidades profissionais das modalidades não profissionais pode ser a solução para o clube ultrapassar a crise directiva?
Acho que essa pode ser uma boa solução para as próprias modalidades, mas não acho que esteja aí a solução para a crise do clube, pela simples razão que não são as modalidades o problema do Beira-Mar. Os problemas hoje em dia chamam-se EMA e futebol profissional, que é uma actividade altamente deficitária, principalmente na segunda liga. Deve ser esse o enfoque da direcção do clube.
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Acreditas na viabilidade de uma SAD para o futebol profissional?
Por princípio defendo que uma SAD pode ser uma boa solução para um clube, mas não na óptica que temos assistido em Portugal. Um clube pode ser rentável sem recurso a uma SAD. Se não o for enquanto clube, não será a SAD que irá resolver o problema. Vejam-se os exemplos que temos em Portugal: de que é que serviu a SAD do Boavista? Ou do Alverca? Não serviram para mais do que entrada de capitais, que possam atenuar os efeitos de sucessivas gestões ruinosas. Os problemas não são no entanto devidamente enfrentados, antes pelo contrário. Independentemente da forma jurídica, os clubes devem trabalhar para que as suas actividades sejam economicamente viáveis. Devem investir na profissionalização dos seus quadros, na valorização das suas marcas, no enraizamento junto das comunidades de suporte. Se estes factores estiverem devidamente salvaguardados, a SAD pode ser um caminho na optimização dos recursos financeiros, e na transparência da gestão. Até que este caminho esteja percorrido, não acho que venham acrescentar nada.
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Agradecemos ao Francisco toda a disponibilidade e amabilidade.

5 comentários:

Anónimo disse...

boa entrevista

acredito no basket do beira.mar e nos seus responsaveis

Anónimo disse...

Permito-me continuar com a entrevista, já que muitas perguntas ficaram por fazer a este enorme Beira-Marense:
1. como vês a média de idades do plantel sénior do basket e tendo a qualidade das camadas jovens como perspectiva? Com preocupação, com esperança ou descansado? Porquê?
2. falas da deslocalização do futebol para o EMA como uma das causas (senão a causa) principais para a crise que o clube atravessa. que opinião tens acerca da possibilidade de se voltar para o antigo Mario Duarte?
3. o futebol mudou-se para o EMA e mal sobrevive. se o plano se mantiver, o pobre basket também lá vai parar perto, mais ano menos ano. quanto tempo depois disso é que o basket se vai extinguir e todo o vosso esforço e trabalho evaporar-se?
4. que idade tens, o que fazes na vida quando não estás de amarelo e preto vestido e o que é que queres para ti?
5. qualificando-se para os play-off e conseguindo recuperar o Rui Pedro, o Nuno Alves e o João Silva a tempo, que hipoteses tem o Beira-Mar de subir?
6. qual o máximo numero de pontos que alguma vez conseguiste marcar num jogo? Ganhaste esse jogo?
7. podemos ter esperança de, um dia, termos um Beira-Marense da tua dimensão como Presidente do clube? Está nos teus horizontes?

Abraço.

Anónimo disse...

Penso que foi uma boa entrevista, dando a possibilidade ao Francisco de falar sobre alguns temas "quentes", e mostrar que há pessoas que pensam de forma diferente.

António Varela

Rui Neves disse...

Quem conhece o Francisco sabe da sua dedicação e competência. O basquetebol do Beira-Mar está muito bem entregue.

Francisco Dias disse...

Boa tarde. Agradeço as simpáticas palavras que me foram endereçadas, assim como ao +bm pela entrevista.

Quanto às perguntas que me foram colocadas, acho que dariam para uma segunda parte da entrevista, que não seria muito eficaz responder por este meio. Mas posso deixar algumas luzes:

1-média de idades do plantel sénior: é de facto uma equipa com uma média elevada, que terá que ser gradualmente substituída. Acho que há muitos e bons jogadores em Aveiro que podem vir a representar o Beira-Mar. Espero que no próximo ano já integrem a equipa alguns jovens da equipa de Sub-20. O futuro do basket do beira-mar está no minibasquete.

2-regresso ao Mário Duarte: o protocolo em vigor (?) prevê a passagem da gestão do EMA para o Beira-Mar. Na minha opinião é difícil viabilizar aquele estádio nos moldes actuais. Também não me parece que a CMA esteja muito empenhada em criar infraestruturas à volta do Estádio, de modo a termos uma cidade desportiva. Há muito tempo que defendi a demolição do EMA. Qualquer solução que seja encontrada terá que passar por um acordo entre o BM e a CMA. Regressar ao Mário Duarte, neste momento, não me parece que seja uma solução.

3-extinção do basket: é um cenário que não coloco.

4-sou licenciado em economia. consultor de profissão.

5-não faz parte do objectivo da secção, neste ano, subir de divisão.

6-enquanto sénior, já tive alguns jogos na casa dos 20 pontos. este ano, na sanjoanense e contra o Porto.

7-a dedicação a que obriga ser presidente de um clube do beira-mar não é compatível com a minha realidade profissional. é um cenário que não coloco.

Cumprimentos.