Considerações & Impressões – Beira-Mar vs Trofense

A expectativa para esta partida era significativa.
Estamos em início de época, a esperança na subida do clube ao escalão principal renova-se em cada pré-temporada, há muitas caras novas (jogadores e equipa técnica). O facto do jogo ser no velhinho Mário Duarte, à tarde, num dia lindo de Sol... embelezavam a fotografia. A antiga bancada dos sócios bem preenchida era sintoma do supra referido.

Leonardo Jardim apostou para a 1ª parte no seguinte onze:
Rui Marcos; Pedro Moreira, Tero, Fabeta, Pedro Araújo; Djamal, Jaime, Sidnei, Artur, Dally Gbale e Leandro Mahl.

É visível que o mister está em fase de experiências, apostando numa mescla de previsíveis titulares com prováveis suplentes, sempre assente no esquema: 4-3-3 ou 4-2-1-3.

Do nosso ponto de vista, o Beira-Mar da 1ª parte ficou-se pelo plano das intenções.
Tentou dominar o jogo, tentou jogar pelos flancos, tentou jogar com velocidade após a recuperação da bola... sem êxito... perante um Trofense que mesmo com poucos dias de trabalho já joga à imagem de Vítor Oliveira (treinador tipicamente de II liga). Equipa prática, agressiva, não deixa jogar e, pelo menos, na partida de ontem... altamente eficaz.
Os visitantes sem deslumbrar conseguiram chegar ao 3-0 ainda na 1ª parte... bastando para o efeito aproveitar os erros defensivos do Beira-Mar.
Com efeito, os auri-negros estão ainda muito “verdes” tanto nas transições como nas movimentações ofensivas mas sobretudo no campo das marcações aos avançados contrários. O 1.º e 2.º golo do Trofense são disso exemplo. Reguila, em ambos, cabeceou à vontade. Nos 45’ iniciais, registo apenas para um remate de Artur (35 mins.) e uma boa jogada de entendimento aos 37’.
No plano individual... torna-se muito difícil destacar alguém pela positiva. Talvez Djamal tenha sido o menos mau.
Tero e Fabeta... ainda têm muito que pedalar e os 2 juntos formam uma dupla... para não repetir. Sidnei (muito franzino) que no papel tinha a função de 10... roçou a nulidade. Dally esteve desinspirado e não confirmou as boas indicações deixadas nos treinos e nos jogos particulares anteriores, Artur está longe da melhor forma.
Se o 0-2 já era mau... no último minuto da 1ª parte, surgiu o 3.º golo com infelicidade para os da casa, com a bola a desviar na barreira (após livre de Reguila) e a trair Rui Marcos (sofreu 3 golos e fez apenas uma defesa).

Para a 2ª parte... muitas alterações nos dois conjuntos. No que concerne ao Beira-Mar, sempre no 4-3-3 // 4-2-1-3:
Bruno Conceição ocupou a baliza, Kanu substituiu Fabeta, Rui Sampaio para o lugar de Jaime, Fangueiro por Sidnei, Wang Gang por Artur, Élio no lugar de Dally, Rómulo no lugar de Leandro Mahl.
O Beira-Mar reagiu, melhorou relativamente à 1ª parte (pudera!) e Fangueiro aos 52’ (remate de fora da área) e aos 55’ (cabeceou por cima) foi o rosto do inconformismo. Realce também para Wang Gang que deixou boas indicações. Movimenta-se bem, é voluntarioso, falhando apenas no último passe/cruzamento.
A partir da 2ª metade da 2ª parte, o domínio dos auri-negros intensificou-se, as oportunidades sucederam-se e o golo não surgiu por mero acaso. As entradas de Fary (para o lugar de Rómulo - jogou 20 minutos e passou ao lado do jogo) e Ishmael Yartey (tem pinta e pormenores de jogador) contribuíram para a subida de produção da equipa.

Em jeito de conclusão... podemos dizer que o Beira-Mar ficou aquém das expectativas e que a vitória do Trofense é inteiramente justa, embora por números exagerados. A diferença de 3 golos não espelha o que se passou no relvado. Os auri-negros mereciam pelo menos o tento de honra. Não obstante o “exagero” dos números, a derrota vem pôr a nu as fragilidades da equipa de Leonardo Jardim. Para já, é demasiado macia, pouco agressiva para as características e necessidades da Liga Vitalis. A intenção ofensiva do treinador é de louvar mas... será preciso mais realismo e muito trabalho para que a equipa esteja apta para a competição. A 1ª mão da 1ª eliminatória da Taça da Liga é já daqui a 16 dias!
Genericamente estamos de acordo com os comentários (que desde já agradecemos) deixados pelos leitores do blog no post anterior respeitantes à partida de ontem.
Obviamente que não partilhamos do entendimento de alguns que pedem, sumariamente e sem fundamento para tanto, a “cabeça” do treinador. Deixem o mister trabalhar, desenvolver as suas ideias e os seus métodos!
Relembramos que entraram 14 jogadores e os seguintes ditados populares:
"Roma e Pavia não se fizeram num dia" e "Devagar se vai ao longe"!